Certa noite, a rosa entrou no meu sonho. Sonhei que o meu corpo se tornava numa rosa.
Desde aí, eu soube que a rosa estava comigo e vinha me ajudar na minha jornada de empoderamento ou na Jornada do Herói.
Herói aqui não como o conceito de salvadora no triângulo do drama, um dos papéis da consciência da vitima, mas sim o Herói como aquele que vai à aventura para se encontrar.
A Jornada do Herói é um conceito de jornada cíclica ou em espiral retratada por Joseph Campbell, inspirado na psicologia analítica de Carl Jung.
Esta jornada representa, em síntese, a morte de partes de nós que não nos servem mais para que versões mais amadurecidas possam renascer.
O caminho nunca é linear, mas sim em espiral. Isto significa que é feito camada a camada, pele a pele, tempos a tempos, como as camadas da cebola ou a pele da cobra que é largada sazonalmente e caso não o faça esta fica cega, literalmente sem ver. A visão apura-se ou seja ganha-se mais consciência ao que outrora era inconsciente.
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É a morte e renascimento, a mudança constante, o movimento de criação e destruição, a dança do feminino e do masculino, a beleza desta existência para que a evolução aconteça. Nem sempre a morte e a criação dançam de mãos dadas e, muitas vezes perdemos-nos no abismo sem fim. Não conseguimos sair do caos porque o medo de perder certas partes de nós com as quais estamos muito apegados é imenso. É o preço da morte para renascer: deixar ir padrões, pensamentos, crenças, mascaras e peles que já são velhas, mas que ainda assim tiveram a sua função e outrora nos protegeram, deram-nos segurança e foram ao encontro de certas necessidades vitais. Quebrar e dissolver essas peles dá um medo terrível. Exige imensa coragem não só morrer como tb renascer.
A noite escura é extremamente necessária porque quanto mais escura mais nos entregamos à intuição e visão sem ver. Não há garantias e mesmo assim avançamos na caverna escura até pequenas brechas fazerem entrarem feixes de luz clara.
Lançarmo-nos às chamas exige essa confiança sem ver, sabendo que lá no final, algures na destruição, se não resistirmos e não me resignarmos, renasceremos das cinzas.
É a iniciação de começar uma nova jornada, tal como o veado nos ensina a não seguir o mesmo caminho na floresta.
Ir ao caos e confusão, atravessar a noite escura e selvagem da lua negra e sair dela renovados, com maior clareza e discernimento.
E se não resistirmos e nos deixarmos render para que se faça o arco completo, é certo que depois da tormenta chega a ordem. É o nascimento do coração claro e soberano.
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A Jornada do Herói é isto. O amadurecimento do masculino de mãos dados com o amadurecimento do feminino.
Cada rito de passagem, cada lua negra, cada morte na nossa vida é mais uma aventura para que o sol brilhe de forma mais autentica e em todas as direções.
Tanto exige a coragem e confiança do masculino, como a fluidez e rendição do feminino. Caso contrário não se completa o arco, interrompe-se o movimento que leva à evolução.
A rosa é muito mais que uma flor. Ela encarna um arquétipo e consciência intemporal que vai mais além da matéria. Traz-nos a magia das Estrelas, da Lua e de Vénus. Mas também a força e soberania do Sol.