Diário
sexta-feira 18 de outubro, 2024
Ep5: Alquimia & Outono


(...)

Mas se amo o campo, a nossa quinta Nova Terra, em especial na primavera e verão.
Também é verdade que gosto de passar o período mais cavernoso, este que estamos agora a iniciar, aqui na Suiça.
São grandes contrastes: no Fundão o verão é extremamente quente e solarengo e aqui em Basel o inverno é escuro e frio. Sou uma mulher de contrastes, por isso, vim aprender muito a dançar a polaridade, o masculino e feminino fora e dentro de mim. Assim como a libertar-me de crenças e padrões de repetição, muitos transgeracionais e velhos, muito velhos.
Sinto-me uma mulher muito solar, por isso a minha paixão com o fogo sagrado e a alquimia.
Mas também me sinto muito lunar, conectada com o mundo das emoções, das águas internas do inconsciente e logo, muito apaixonada pelo trabalho com os sonhos. Gosto do sabor agri-doce, dos banhos de contraste e de depois duma bela luta, render-me nos braços do meu amado.
E não é isso em diferentes maneiras e escalas que todos vimos fazer? Através do contraste da dualidade encontrar a sabedoria?!






Ou, se preferires, também nestas plataformas:

É lindo quando tudo está calmo e nos podemos ver mais claramente no reflexo criado na superfície das águas.
E muitas vezes quando meditamos isso acontece. E cada vez que tocamos o silencio interior tb.
Mas isso não significa que nas profundezas das águas não exista a lama. Não a vemos, mas ela está lá no mundo do nosso inconsciente.
Viver constantemente no modo lamacento separa-nos mais e mais de quem somos verdadeiramente, da nossa essência. Infelizmente, em tempos com tantas distrações e tão desafiantes, essa é a visão da maioria das pessoas a maior parte do tempo: uma visão turva, ilusória.
Obviamente que desejamos aclarar a visão e, sem duvida, que muitas praticas chamadas espirituais nos ajudam.

Mas há momentos de agitação necessários. É quando a lama vem à superfície.
Podemos fugir dela se nos for possível. Podemos negá-la e não a querer ver. Podemos lutar e resistir com toda a força. Mas ela continuará lá, ainda que com algumas das estratégias poderá parecer que desapareceu.
Na visão tantrica, shamanica ou alquimica diz-se que a única forma de a fazer desaparecer completamente é olhando-a de frente para a transformar.
Essa lama fala-nos de padrões muito profundos e enraizados que desejam ser libertados e para a total libertação somos convidados a mergulhar no processo alquimico: olhar sem negação e resistência, sentir na plenitude movendo o arco completo das emoções e transmutar para libertar.
VER, SENTIR e LIBERTAR é a alquimia.

Em termos energéticos, a lama representa uma energia estagnada ou bloqueada. Pode ser uma crença, pensamento ou padrão de repetição, contrato ou voto de lealdade, debilidades e fraquezas, apego a certas histórias e dramas, medo à mudança, preguiça e falta de disciplina… tudo o que na visão ancestral lhe chamam de karma ou vento velho que, para ser libertado, exige um mergulho no inframundo ou o que modernamente chamamos inconsciente.
Quando permitimos a alquimia dessa lama, a energia liberta-se ou seja começa a fluir e transforma-se em sabedoria.
Simplesmente porque flui já é sabedoria. Tão simples quanto isto.

Na prática é bastante mais complicado. O apego e prisão a essas questões é imenso. Cortar essas amarras implica sair da consciência da vitima e a morte de certas máscaras às quais estamos muito apegados. Deixar essa mascara é entrar num universo completamente desconhecido, incerto e sem garantias (mesmo que no nosso intimo saibamos que essa é a forma de acedermos ao nosso poder interno).
Poder é em última instância energia.
Resgatamos o nosso poder quando deixamos de drenar energia com essas questões que nos vampirizam.
Estamos no nosso poder quando assumirmos a total responsabilidade de sermos guardiãs da nossa energia e não permitirmos que se perca energia em dinâmicas que já não nos servem mais (a maior parte delas correm em piloto automático de forma completamente inconsciente).
Essas dinâmicas tiveram algures, em algum momento da historia familiar, um propósito de defesa e sobrevivência. Mas chega o momento que desejamos mais da nossa vida: mais plena e com escolhas mais conscientes… e a única forma é sair desse programa de sobrevivência e libertarmo-nos desses parasitas (cocriados por nós). As condições já são outras e podemos fazer diferente para obter resultados diferentes.

Caso contrário as histórias e os dramas repetem-se vezes sem conta, uma e outra vez, geração em geração…
Escreve um comentário
Por favor indica o teu primeiro nome
Por favor indica o teu último nome
Por favor indica o teu Email
Por favor indica o assunto
Por favor indica o teu comentário
*Campos Obrigatórios